Francisco Brasileiro - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB elaboraram projetos para a construção de 100 casas no assentamento rural Itaúna, próximo ao município goiano de São Gabriel. O Projeto de Habitação de Interesse Social em Assentamentos Rurais (PHISAR) já ajudou na construção de 89 casas desde que começou a atuar no local, em agosto de 2010. Os 6 estudantes que integram o projeto também orientaram os assentados sobre as técnicas de construção mais econômicas e cuidados para evitar o desperdício de materiais.
Para construção das casas, os assentados recebem crédito do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). “Mas normalmente o programa do governo não oferece nenhum tipo de orientação”, explicou o professor Janes Cleiton Oliveira, coordenador do projeto. “Os recursos são reduzidos e, sem planejamento, muitos assentados não conseguem concluir a obra”, explica. “O nosso objetivo é justamente evitar que isso aconteça orientando-os para melhor utilização dos materiais”.
Os assentados podem optar por duas formas de concessão de financiamento: 15 mil reais para compra de materiais ou 12 mil reais para os materiais mais 3 mil para mão de obra. Os insumos para obra são oferecidos por depósitos selecionados por meio de licitação. “Isso impede que tenhamos liberdade para escolher materiais mais econômicos”, destaca o professor. “Precisamos trabalhar com os convencionais, como tijolos, cimento e telhas”.
O grupo entrevistou todos os moradores previamente para elaborar projetos que atendessem a suas necessidades. “A partir das conversas com os assentados chegamos a dois projetos padrões: um de dois e outro de três quartos – variando entre 64 e 74 metros quadrados”. Para compensar a limitação do material, investiu-se na elaboração de projetos econômicos e de fácil execução. “Uma das coisas que fizemos, por exemplo, foi diminuir ao máximo o número de colunas”, explica Janes Cleiton. O aproveitamento dos materiais também foi a palavra de ordem nos projetos. “A alvenaria usada para isolar os espaços serviu também para ajudar no suporte da estrutura da casa”.
MUTIRÃO - Em visita às moradias nesta terça, 21 de junho, o professor Janes Cleiton junto com a aluna Emanuelle Felipe, do 6º semestre do curso, visitaram o assentamento e conversaram com moradores que já terminaram suas casas e com outros, que ainda estão nos primeiros passos do projeto. No último caso está Welton José, 40, há 5 anos no assentamento, que trabalha nos alicerces da nova casa. Ele, a esposa e dois filhos dividem atualmente um barracão de zinco. Por causa da família, Welton optou pelo projeto de 3 quartos. “Quando terminar o trabalho, vamos transformar a casa antiga em um galinheiro”, sonha Welton.
Para construção da casa, Welton recebe a ajuda do vizinho Antônio Oliveira, 67. Paraibano, Antônio foi caminhoneiro e ajudou na construção de Brasília. “Transportei muito candango para as obras e levei também parte do gramado da esplanada”, recorda com orgulho. Hoje, Antônio vive com a esposa na parcela de 22 hectares cedida pelo INCRA. A casa projetada pelo PHISAR já está pronta. Antônio escolheu a moradia de dois cômodos e concluiu a construção num período de 45 dias. Ele vai usar o barraco antigo como depósito para guardar sementes e ferramentas. “Na casa nova poderemos receber os filhos e netos”, comemora.
“A maioria dos assentados segue o exemplo dos vizinhos e costumam ajudar nas construções das casas em regime de mutirão”, explicou o professor Janes Cleiton, coordenador do projeto. “Mas em alguns casos, vamos precisar colocar a mão na massa para ajudar as famílias”, conta. Os alunos darão um suporte a mais para Alcina Ferreira, 53. A dona de casa vive sozinha com os três filhos. Recém chegada no assentamento, ela recebeu a parcela do INCRA depois que o antigo morador decidiu vende-la, o que é proibido por lei. “Como ela ainda não está integrada entre os assentados vamos ter que dar essa força”, conta o professor.
Além de Emanuelle, fazem parte do projeto Henrique Rabelo, Luisa Venâncio, Tássia Latorraca, Beatriz Loyola e Mariana Ataíde. Eles integram o Centro de Ação Social em Arquitetura e Urbanismo Sustentável (CASAS), escritório modelo da FAU voltado para realização de projetos de cunho social. Os alunos recebem bolsas no valor de 600 reais pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão (Pibex), do MEC. Segundo Emanuelle, a oportunidade de participar do projeto vai além do aprendizado técnico da universidade. “Aprendemos como lidar com pessoas diferentes e a passar parte do nosso conhecimento de maneira mais simples”, destaca.
Fonte: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=5256
Nenhum comentário:
Postar um comentário